Amigos para Sempre...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por que este blog?

Este blog não é um espaço de lamentação e tristeza, ao contrário é um espaço de aclamação à Vida, à Vida que não acaba com a morte, pois o oposto de morte é nascimento. A Vida não tem início e fim, ela é continua, num eterno movimento de transformação. Que este espaço também sirva de reflexão para todos aqueles que têm como missão cuidar da Vida de outras pessoas, que o façam com comprometimento, responsabilidade, ética e, principalmente, amor ao próximo. Que o descaso e a negligência de alguns não sejam mais a causa da dor e sofrimento de mães, pais, filhos, irmãos, amigos....

Este é o primeiro Natal que passamos sem a presença de nosso querido Fabinho, “sem a presença” é força de expressão, pois ele sempre está e estará em nossas mentes, em nossos corações, e em todos os momentos de nossas vidas, sempre  presente, sempre junto a nós.
O Natal sempre foi uma data de alegria para nós, até naquelas fases mais difíceis de nossas vidas o clima do Natal nos transmitia esperança, paz e a serenidade daqueles que têm  na fé a certeza de que as coisas iriam melhorar e o Natal seguinte seria bem melhor. E assim realmente aconteceu em nossas vidas. Superamos muitas dificuldades, e as coisas só melhoravam a cada dia, até que veio a doença e Fabinho teve que seguir outro caminho.
Meu filho querido iria se formar agora fim do ano, tinha muitos planos, e em todos eles tinha um lugar muito especial para mim, “Eu nunca vou me separar de você mamãe”, era o que ele sempre me dizia. Mas ele teve que refazer seus planos, e eu os meus também, mas sei que quaisquer que sejam os planos dele agora eu continuo incluída em todos eles. Meu filho continua existindo, não mais nessa dimensão onde só temos consciência daquilo que nossa percepção sensorial nos permite conhecer, e se nossa relação física foi interrompida, nossa relação espiritual só se fortalece a cada instante, alimentada pelo imenso amor que sentimos uns pelos outros. FELIZ NATAL meu filho, que Deus te abençoe.
Dezembro/2012
Mamãe,
Tio Denísio,
Tia Geisa,
João Pedro (sobrinho e afilhado),
Maria Luiza (sobrinha e afilhada),
Eduardo “Dudu” (primo/irmão),
E todos que tiveram o privilégio de conviver com você.

" Devemos orar sempre, não só até Deus nos ouvir, mas até que possamos ouvir a Deus."

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Trinta dias de saudade


Hoje faz trinta dias que Fabinho partiu, trinta dias sem sonhos, sem planos, trintas dias de dor e solidão, trinta dias de saudade, de muita saudade. Nesses trinta dias, que pra mim parecem, trinta anos, trinta séculos, uma eternidade, nos raros momentos em que a dor me permitiu pensar, refleti sobre como nós, seres humanos, estamos deixando cada vez mais de ser HUMANO. Meu filho, como tantos outros filhos de mães anônimas, trabalhadoras, cuja meta principal e talvez única é a felicidade do filho, não mereceu a atenção, o cuidado, e por que não dizer, o carinho, que todo profissional deveria dedicar àqueles de quem cuida. Fabinho foi apenas mais um paciente, um paciente anônimo, filho de gente humilde, que não merecia dos profissionais uma atenção especial, mesmo com uma doença grave, mas com possibilidades de cura. Uma vez ouvi alguém dizer que pode faltar remédio, pode os equipamentos estar com defeito, pode até o salário não ser o que os profissionais merecem, o que não pode faltar é atenção, pois carinho não custa nada, pois a falta de carinho não pode ser remediada, ou se tem ou não se tem, ou se é humano ou não se é humano. Mas no mundo em que vivemos atenção, cuidado, carinho também já devem ter seu preço, quem sabe se além do plano de saúde que com muito esforço pagava para meu filho eu tivesse dado algum a mais, meu filho seria mais bem assistido, como o plano não cobria dedicação, cuidado, ética profissional, atenção, profissionalismo e, muito menos carinho, esses eu teria que pagar por fora, mas eu não sabia disso. Então meu filho não foi tratado com deveria.  Deixo aqui meu repúdio e indignação ao tratamento dispensado ao meu filho por parte da Dra. que estava à frente do tratamento e de sua equipe.
Belém, 3 de setembro de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Carta aberta de uma mãe

                        Perdi meu único filho de apenas 23 anos de idade, rapaz adorável, estudioso, de uma personalidade e espírito nobres. Fabinho, como nós o chamávamos, se formaria ao final deste ano, era admirado por seus mestres e colegas, não só pela sua inteligência mas também pelo seu caráter, integridade, dignidade, ética e humildade. Meu menino foi acometido por uma doença, que segundo suas explicações era “auto-limitada”, ou seja, meu filho ficaria curado. Entreguei a vida de meu filho em suas mãos e a senhora me encheu de esperança. Acreditei na senhora quando me dizia “fique tranqüila”, “não se preocupe”, agora sinto que estava sendo enganada. Meu Fabinho sofreu em um leito de hospital por 29 dias, e enfrentou todas as dolorosas intervenções e desconfortos dos procedimentos com muita coragem e dignidade, nunca reclamou e escondia o medo para não me preocupar. Ele também acreditou na senhora.
 Meu filho tinha planos, em 2013 queria iniciar o mestrado e depois o doutorado, queria ser um pesquisador para ajudar as pessoas. Meu filho não ia a festas, não tinha vícios, vivia para os estudos. Nós nos amávamos muito, vivíamos um para o outro, o pai dele nos abandonou quando ele tinha apenas 11 anos de idade, daí pra frente foi só eu e ele, o que só aumentou nosso amor um pelo outro. Meu menino cuidava de mim como um homem maduro. Sabe doutora, de que vale todo o conhecimento do mundo, todos os títulos, todas as honras se não existe carinho, se não há amor por aquilo que se faz? E o que um médico faz, senão cuidar das pessoas? Agora é muito fácil dizer frases feitas como “acredite em Deus”, para aliviar uma dor dilacerante que não tem como ser aliviada. Imagine se isso acontecesse com a senhora? Se fosse a senhora que perdesse sua única filha de 25 anos? Tente se colocar no meu lugar por apenas uma fração de segundo e, caso a senhora consiga fazê-lo, sentirá o desespero que sinto agora.
Quando o caixão de meu Fabinho desceu à terra, minha vontade era ir junto com ele. A senhora sabe o que é isso? Espero que nunca sinta o que eu estou sentindo agora, pois é horrível. A senhora não imagina o meu desespero de mãe quando eu ligava pra falar com a senhora e a senhora não atendia, quando eu lhe passava mensagem e a senhora não respondia, quando meu filho ficava sem medicação e a senhora não ia vê-lo. Ele foi vítima sim de uma doença grave, eu sou consciente disso, mas também foi vítima do descaso, da falta de amor ao próximo, da falta de compromisso profissional.
No seu derradeiro dia liguei em pânico para a senhora e a senhora o mandou para a UTI, pelo telefone. Meu filho, que já não podia mais falar, pois tinha feito uma traqueostomia, e mal conseguia respirar, quando ouviu de uma médica plantonista medíocre que iria para a UTI, ainda arrancou forças do fundo de seu corpo muito debilitado para digitar no seu celular a frase “não me abandonem”. Eu disse a ele que isso nunca iria acontecer. Mas a senhora já o tinha abandonado. O entregou a um médico que nem sequer sabia do quadro clínico de meu filho. Meu amado filho foi mandado a UTI apenas para morrer, e a senhora sabe disso. O olhar de pânico dele, que ainda estava consciente, entrando naquela sala horrenda não sai de minha mente. E a senhora não estava lá. Será que existe algo mais importante no mundo do que acudir uma mãe desesperada vendo seu único filho ser levado de seus braços para ser morto, por ser considerado um caso perdido? Para a senhora com certeza sim, quem sabe alguns reais a mais na sua conta corrente.
Queria olhar nos seus olhos para que a senhora me dissesse por que meu filho morreu. Pois no atestado de óbito escreveram o de sempre: insuficiência respiratória e parada cardíaca, isto é muito pouco para uma mãe. Acho que faltaram acrescentar: incompetência e negligência médicas.
Meu filho sofreu muito e eu sofri junto com ele, era muito duro pra mim, como mãe, ver a despreocupação da senhora diante do caso dele, como se estivesse tratando de um resfriado. Ah DOUTORA, como eu estou sofrendo! E essa dor não seria menor se ele estivesse recebido a atenção que o caso requeria, mas certamente ajudaria muito. Gostaria de lhe dizer tanta coisa olhando nos seus olhos, em uma conversa entre mães. Bem que eu liguei para dizer que meu querido filho havia morrido, mas a senhora mais uma vez não me atendeu. Quando recebi sua mensagem tinha acabado de sair do cemitério onde enterrei meu filho e com ele a minha razão de viver. SEJA FELIZ DOUTORA, EU NUNCA MAIS SEREI. E QUE DEUS LHE ABENÇÔE.
PS: A senhora pediu autorização ao Fabinho para escrever um artigo sobre o caso dele, lamentou até não ter podido fotografar as amígdalas dele logo após a cirurgia. Eu peço licença a ele para, como mãe, retirar essa autorização tácita.
Belém-Pa, 10 de agosto de 2012

Nota: Este caso aconteceu em um hospital tradicional de Belém, no período de 06/07 a 04/08/2012, data em que nosso amado Fabinho partiu para sempre.

Fábio Lima
Fabinho



Mensagem de pesar da doutora do Fabinho no dia do seu enterro

Esta é, ipsis litteris, a mensagem de pesar da Dra. que cuidou do Fabinho, enviada no dia 05/08/2012, ás 11:05, momento em que eu ia saindo do cemitério onde enterrara meu filho. Embora tivesse ligado para ela desde o dia anterior para comunicar o falecimento do Fabinho, ela, como sempre, não atendeu minhas ligações e só me respondeu, via msn, no dia seguinte. Interessante, ela ainda me deseja "bom dia" no pior dia de minha vida.

"Bom dia d Marcia, deixei para lhe mandar msn hoje, pois tb eu como médica, as vezes fico sem explicação p alguns casos, so posso dizer q tb estou mto triste, fique com Deus e me procure p o q precisar Dra.... ".

sábado, 11 de agosto de 2012

Filho,
Nunca mais vou te abraçar,
mas sempre vou te sentir.
Nunca mais vou escutar tua voz,
mas sempre vou te ouvir.
Nunca mais vou te ver,
mas sempre vou te amar.
                                                  Mamãe 
 
 Fabinho (com 6 anos)

 

Amigos para sempre...

Tio Denísio, Fabinho e João Pedro